Ideias fermentadas

riscosQuando a mente borbulha, perece que cresce, se expande. São as ideias fermentando. Digo-lhes que não podem eclodir todas ao mesmo tempo, devem respeitar uma ordem. Não sei qual sequência, mas é urgente uma disciplina mental, organizacional. Parece que as ideias não deram muita bola para meu discurso controlador e continuaram agitadas, revolucionando os neurônios, que de tão confusos, não permitiam qualquer ação prática. O resultado é que, até o momento, todos os projetos quedaram-se no papel, apenas palavras.

 

Danielle A. Giannini

Petição de 100 folhas: pra que, pra quem?

Este oportuníssimo texto publicado no blog “Para Mudar Paradigmas” fez-me lembrar de um professor da Faculdade de Jornalismo num dos primeiros dias de aula. Luiz Egypto, jornalista que muitos devem conhecer, disse aos desavisados calouros da minha turma da PUC no ano de 1989: “Escrever é cortar palavras”. Eu não sabia que a frase continha todo o conhecimento de que eu precisava para me graduar. E hoje tive a sorte de ler uma reflexão muito coerente e verdadeira sobre o assunto na área do Direito. Ou seja, a lição vale para todos! Boa leitura. Para mais, acessem http://www.pedromaganem.com

Magalhães & Lúcio

Um dia desses, ao analisar um processo, vi uma petição que continha mais de 100 (cem) folhas, isso mesmo, MAIS DE CEM PÁGINAS! E, por incrível que pareça, o próprio advogado que escreveu a petição, durante uma audiência, disse que já escreveu uma peça recursal para os Tribunais Superiores com mais de 1000 (mil) páginas.

Assim, percebe-se que ainda nos dias de hoje é possível ver petições volumosas, repetitivas, infestadas de “jurisprudências” (que, muitas vezes, sequer possuem relevância com o tema), nomeadas e com pedidos totalmente diferentes do seu real objetivo.

Com relação à petição de 100 páginas (que já acho um “exagero exagerado”), se, por acaso, pensam que, devido ao tamanho, seria recheada de teses, argumentos ou outras questões pertinentes e importantes para o julgamento do pleito, se equivocaram.

Dessas 100 páginas, a maior parte era de “jurisprudências” e de repetições e mais repetições, mais especificamente “enchimento…

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Sobre a impetuosidade das ideias

Sobre a impetuosidade das ideias_imagemeditada

Se as ideias despontam na mente, temos duas opções, colocá-las para fora ou taparmos cada uma delas com uma pá de cal do esquecimento.

Às vezes funciona deixarmos largadas em qualquer canto inútil e inerte do pensamento, outras vezes a estratégica não dá certo, aí elas voltam a nos assediar com toda força, são vorazes e impiedosas, e enquanto não as expelimos, não há calma que reine no nosso pensar. Pode ser falando, cantando ou escrevendo, não importa, as ideias querem sair.

Vamos tratar aqui das ideias que desejam sair escritas. Em geral, essas ideias são caprichosas, querem perdurar, não se contentam em serem lançadas ao vento. Para essas ideias precisamos dar atenção, e dependendo do caso até recolhimento, para que tomem forma em um texto que mereça ser lido. Seja qual for o gênero que se opte por escrever, as ideias precisam ser domadas, organizadas e reordenadas segundo os critérios da correção e os caprichos da estética, ou os rigores da técnica. Não se pode deixar uma ideia decidir por si só como quer ser exposta em um texto. Precisamos ter pulso firme a assumir as rédeas do nosso texto, impondo o ritmo, o tom e a forma que nos convém. Quando assumimos que somos autores do nosso texto, aí sim as ideias entendem o seu devido lugar. E que sejamos autores decididos, firmes nas decisões, ou perderemos completamente a autoridade sobre elas, pois ideias não são bobas, ficam à espreita, esperando um vacilo, para dominarem o processo de criação. Sendo assim, que venham as ideias, e que sejam boas, e que sejam nossas aliadas.

 

 

Danielle Arantes Giannini

Arnaldo não podia desistir

Não, não era tarde para desistir. Nem cedo. Não era cedo ou tarde. Simplesmente ele não podia desistir. Não acreditava na sorte, tampouco apostava suas fichas no destino. Queria liberta-se de todo aquele lixo de vida. Lixo que foi acumulando sem nem saber o porquê. Juntou o que pôde, juntou por juntar. Carcaças de carros, livros sem capas, fotografias rasgadas, xícaras lascadas e um bocado de sentimentos inúteis. Acabou que o espaço não dava mais para nada disso. Nada disso nem nada mais. Arnaldo não suportava mais a ideia de juntar o que quer que fosse na sua existência interminável. Desejou por fim na própria existência, porém antes teria que se livrar de tanto peso. Não poderia carregar as tralhas pela eternidade afora. Pôs anúncio no jornal. Espalhou a oferta boca a boca. Ninguém interessou-se. Vida desinteressante ele teve. E agora não conseguia desfazer-se dela. Lamentava não poder desistir. Ele não podia desistir. Não era cedo ou tarde, era impossível. Só restou conformar-se com seus lixos. Viu que lixo de vida tinha e saiu andando pela rua sem destino.

Danielle Arantes Giannini

Por que escrevo?

porquescrevo-imagemEscrevo porque existem palavras. Escrevo porque alivia a alma. Escrevo porque as histórias querem ser contadas. As histórias acontecem independentemente das palavras, são mais poderosas que elas, mas rendem-se a limitadas linhas para sobreviverem além de si mesmas. Duram os instantes da leitura e depois resistem ou não à memória de quem leu. Eu escrevo porque os personagens existem, os lugares existem, diferente do tempo. Cada personagem conta sua própria história como lhe convém. Cada lugar empresta seu clima para que os personagens possam viver suas histórias. O tempo, não. O tempo pode existir, pode não existir. Passa na velocidade que bem entende, ninguém lhe acelera ou detém. O tempo ajuda ou atrapalha ao seu bel prazer. Liberta e escraviza, por vezes toda as rédeas da história. Chuta para longe o autor, faz calar as palavras. Escrevo porque quero dominar o tempo, quero salvar as histórias que nele estão. Eis por que escrevo.

Danielle Arantes Giannini

Cuidado com as palavras!

 

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É mais ou menos assim: um diz o que quer, outro ouve o que não quer. Um desentende-se com o outro e outro se recente com um. Aí é tarde demais. As palavras, boas ou más, não são vazias. Elas são carregadas de intenções. A intenção pode ser qualquer uma, por certo irá atingir quem lê ou escuta. Por isso faz-se útil policiar as palavras. Palavras não devem ser insanas se não desejamos ferir. Palavras não podem ser levianas se não intentamos magoar. Palavras não passarão despercebidas. Quem as profere não passa impune. Quem as recebe não fica impassível. É certo que uma palavra, corriqueira que seja, muda um bocadinho de alguém, e isso é uma tremenda responsabilidade de que a profere. Quem ouve ou lê, dependendo da habilidade com as palavras, entende ou concorda ou recusa ou se recente ou esboça outras tantas outras reações, mas nunca será o mesmo de antes. Assim, mudamos todos a cada palavra que enviamos e recebemos. As palavras movimentam o mundo. Isso é assustador!

Danielle A. Giannini

Banco de personagens: Maria Estúpida

O sentimento de ser não existia naquela mulher, dura de coração, gélida na alma, feia de traços. Não via nada disso no espelho porque não gostava de se olhar. Maria Estúpida ficou conhecida assim, ninguém sabia seu nome verdadeiro; também isso não importava, era estúpida. Não que lhe faltassem predicados. Diziam que a moça era prendada, fazia trabalhos manuais, tinha noções de enfermagem, conhecia as burocacrias das repartições, e nada disso servia. Ela precisava usar seus dons para ser útil e não sabia como. Essa Maria Estúpida, respondona e reclamona. Os garotos da vizinhança gostavam de provocar a Estúpida, só para se divertirem com a reação dela.  Ninguém mais perdia tempo se aborrecendo com suas chatices.

Danielle A. Giannini

Concurso literário

ATENÇÃO!!!

Ainda é tempo de se inscrever no V Prêmio Literário Canon de Poesia 2012. O concurso , promovido pela Canon do Brasil e pela Fábrica de Livros, selo editorial do Grupo Editorial Scortecci,  é aberto a autores brasileiros, maiores de 16 anos, residentes no Brasil.
O Autor poderá participar com apenas 1 (uma) POESIA, inédita, não publicada em livro (papel, eletrônico ou qualquer outro suporte), blog, site, facebook ou qualquer outra mídia existe, de no máximo cinco mil caracteres. Os trabalhos deverão estar em língua portuguesa, o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto.
O tema é livre e a inscrição grátis.
A POESIA deverá ter obrigatoriamente um título. Não há necessidade de pseudônimo (nome literário).

Inscrições até  30 de novembro de 2012, somente pela Internet através do site Concursos e Prêmios Literários.

Como nasce o texto V – A leitura


Ler é uma das formas mais eficazes de estar no mundo, de entender o mundo, de fazer o mundo. Apreender o sentido de um texto, seja através de um código verbal ou não-verbal, é a chave para a percepção de si próprio como indivíduo dotado da capacidade de receber mensagens decodificá-las, interagir com os signos e símbolos e a partir de então elaborar um raciocínio que leve a uma crítica, uma dúvida, uma idéia e o que mais a mente quiser. O efeito da leitura pode ser qualquer um, da alegria, satisfação à raiva, revolta ou até indiferença ou indignação frente a textos ruins ou inadequados à nossa possibilidade momentânea de entendê-lo. Também é verdade que quanto mais lemos, mais somos capazes de ler outros textos, textos mais complexos, mais difíceis, mas sutis, enfim, à medida que lemos, vamos nos formando como leitores, num crescente que se inicia na infância para acompanhar o homem sempre.

Se tudo isso funciona para nós, autores, vale na mesma proporção para eles, os leitores. No fundo, leitores somos todos nós, embora nem todos sejam ou venham a ser autores um dia. Se pretendemos que o nosso texto seja lido, é melhor considerar a existência do leitor.