“O vendedor de leques” no blog de Flávio Assub

Surpresa deliciosa hoje logo cedo. Meu amigo de Instagram Flávio Assub publicou no blog dele a crônica que escrevi inspirada na foto que ele postou dias atrás. Adorei!

Confiram no blog “É legal demais”: http://www.elegaldemais.blogspot.com.br/2012/11/o-vendedor-de-leques.html

As gentis palavras de Flávio Assub:

“Publiquei no Instagram uma foto que particulamente achei linda, clicada pelas minhas andanças pela Colômbia. Mas a foto ganhou mais paixões! Ao dar um título a ela, a grande amiga virtual Danielle Giannini se encantou tanto com o clique quanto com o título que dei: “O Vendedor de Leques”. Pura inspiração. Eu também pensara assim, mas foi ela, a Daniele que logo se propôs, muito gentil e delicadamente, como costuma ser, a escrever uma crônica. Eis aqui as emocionantes palavras. No título, o link direto para o blog da Dani.” 

Agora estou esperando a versão dele para “O vendedor de leques”!!!

O vendedor de leques *

*Título original de autoria do meu amigo virtual Flávio Assub.

Estavam lá os leques coloridos, estampa fina, todos minuciosamente dispostos sobre o chão rude da rua suja e pisada. Eram leques lindos, confeccionados no papel arroz, feitos a mão, mão que o tempo não perverteu ao desuso, mão hábil. Chamavam a atenção pelas cores vivas, assim gratuitas, na calçada do viaduto movimentado. Olhares recebiam aos montes, entretanto ninguém parava, nem um único transeunte estava disposto a sacrificar um segundo do seu tempo esgotado para apreciar tamanha riqueza. Não eram os únicos leques no viaduto; havia outro rapaz mais a frente, com um pano estendido no chão lotado de um amontoado de guarda-chuvas, baterias para celulares, massageadores portáteis e leques. Eram leques todos iguais, coloridos também, de uma estampa chamativa impressa no plástico; não tinha nem como o produto atrair alguém, misturado que estava aos demais artigos, feio e sem graça. Eram leques e nada mais. Leques sem história. Leques que saíram da máquina direto para a embalagem. Leques que estavam identificados pelo papel escrito em letras medonhas: “Abano em promoção – 3 por 10”. Por isso, e só por isso, um tanto considerável de gente, mulheres na maioria, parou o comprou. Estava calor e precisavam se abanar. Não durou muito o estoque do rapaz; fez um dinheiro bom naquela tarde. Vendeu leques como quem traz a salvação. Depois disso ninguém mais parou ali, ninguém se interessou pelos leques mais a frente, na mesma calçada, encantadores. Não que tivesse acabado o calor, não, estava abafado. O vendedor de leques coloridos, findo o dia, recolheu quase que com carinho sua mercadoria, nenhuma venda. Resignou-se, apenas lamentou não serem leques dignos de cumprirem sua tarefa. Homem de idade avançada, não velho, mas manso no pensar, o vendedor de leques recolheu-se ele também ao casarão antigo onde vivia desde a mocidade com seus pais, que lhe ensinaram a tirar o sustento das próprias mãos. Entrou pelo corredor estreito sem perceber o leque branco que caiu na soleira da porta. Nem o vento quis levar o leque em respeito a tanta beleza. Foi uma mulher que passou, viu o desenho de linhas finas e parou. Pegou o leque nas mãos. Quem teria perdido aquela joia?  Ninguém por perto. Sem resistir, seguiu com o leque em punhos. Agora era dela, e o exibia orgulhosa, para atrair mesmo a inveja dos outros; sabia o quanto era valioso o seu achado. Por pouco não sentiu o cheiro das mãos do vendedor de leques, por bem pouco. Sim, o cheiro dele estava lá, quase apagado; a delicadeza dele estava lá, quase ignorada; o pensamento dele estava lá, quase inaudível; a história daquele homem estava em cada grão de papel daquele leque, para sempre. A mulher quase se deu conta de que estava ali em suas mãos toda a razão de viver de um homem, sua alma completa e despreparada.

 

Danielle Arantes Giannini

 

Concurso literário

ATENÇÃO!!!

Ainda é tempo de se inscrever no V Prêmio Literário Canon de Poesia 2012. O concurso , promovido pela Canon do Brasil e pela Fábrica de Livros, selo editorial do Grupo Editorial Scortecci,  é aberto a autores brasileiros, maiores de 16 anos, residentes no Brasil.
O Autor poderá participar com apenas 1 (uma) POESIA, inédita, não publicada em livro (papel, eletrônico ou qualquer outro suporte), blog, site, facebook ou qualquer outra mídia existe, de no máximo cinco mil caracteres. Os trabalhos deverão estar em língua portuguesa, o que não impede o uso de termos estrangeiros no texto.
O tema é livre e a inscrição grátis.
A POESIA deverá ter obrigatoriamente um título. Não há necessidade de pseudônimo (nome literário).

Inscrições até  30 de novembro de 2012, somente pela Internet através do site Concursos e Prêmios Literários.