Banco de personagem: Dona Odila abordou a moça da bolsa cor-de-rosa

Ah, não teve jeito de segurar a Dona Odila naquele dia. Perto da hora do almoço, ela saía do açougue quando viu a moça afobada, correndo com a bolsa cor-de-rosa pendurada no ombro.  Obviamente não saiu ao encalço da guria, foi mesmo o acaso que deu de arranjar as coisas. A coitada da moça tropeçou num caixote deixado por alguém no meio da calçada e quase caiu. Dona Odila aproveitou que a moça aparentava desconserto e se aproximou perguntando se tinha machucado.
_Não, não machuquei, não, senhora, obrigada. É essa maldita pressa que quase me deixou cair.
_É, eu já vi você correr outras vezes aqui na rua, moça.
_Sempre atrasada, senhora.
A moça estava tentando retomar a corrida quando viu o ônibus dela passar reto pelo ponto. Deu de ombros. O dia estava mesmo perdido. A curiosa da Dona Odila queria saber de onde ela vinha, para onde ia, o que levava numa bolsa tão grande…e rosa. E nada. A mocinha sorriu, agradeceu mais uma vez a atenção da senhora simpática e pôs da andar mais devagar.

Danielle A. Giannini

Banco de personagens: A garota da bolsa cor-de-rosa

Andava sempre apressada pela praça em direção ao ponto de ônibus e invariavelmente chegava atrasada. Ninguém sabia o motivo de tanta correria se nunca dava tempo de pegar o coletivo. Talvez fosse o peso da bolsa, cor-de-rosa gritante, que não a permitisse ser ligeira. Terminava no ponto, bufando com o relógio, como se fosse culpa dele o tempo passar.

Danielle A. Giannini