Ah, não teve jeito de segurar a Dona Odila naquele dia. Perto da hora do almoço, ela saía do açougue quando viu a moça afobada, correndo com a bolsa cor-de-rosa pendurada no ombro. Obviamente não saiu ao encalço da guria, foi mesmo o acaso que deu de arranjar as coisas. A coitada da moça tropeçou num caixote deixado por alguém no meio da calçada e quase caiu. Dona Odila aproveitou que a moça aparentava desconserto e se aproximou perguntando se tinha machucado.
_Não, não machuquei, não, senhora, obrigada. É essa maldita pressa que quase me deixou cair.
_É, eu já vi você correr outras vezes aqui na rua, moça.
_Sempre atrasada, senhora.
A moça estava tentando retomar a corrida quando viu o ônibus dela passar reto pelo ponto. Deu de ombros. O dia estava mesmo perdido. A curiosa da Dona Odila queria saber de onde ela vinha, para onde ia, o que levava numa bolsa tão grande…e rosa. E nada. A mocinha sorriu, agradeceu mais uma vez a atenção da senhora simpática e pôs da andar mais devagar.
Danielle A. Giannini