Acordou sem despertar
O corpo estava agarrado ao estrado
Sem poder mexer uma parte sequer de si
Cogitou estar doente
Estremeceu por dentro e por fora
Uma corrente gélida percorreu sua pele
Foi tomado de um embaralhamento mental
O homem não sabia mais respirar
O ar escapava-lhe
Concluiu que era vítima
Não saiu da cama naquele dia
Nem dos dias seguintes
Por mais que lhe tenha chegado socorro
Recusava-se a aceitar o lenitivo
Confortável que estava como sofredor
Perdeu preciosos dias de sua existência
Porque não aceitava esse existir enfermo
Parecia não despertar de um pesadelo
Agarrado aos pensamentos convenientes
Sem poder mexer no destino
Estremecia ao menor risco de disciplinar a mente
O homem não queria respirar
O ar lhe trazia obrigações
Concluiu que estava sendo injustiçado
Não saiu para a vida
Por mais que fosse urgente viver
Estava confortável em ser como era
Porém sua existência não o deixaria perder-se
E gritaria de dor enquanto não fosse notada
Até que ele despertasse do pesadelo da amargura
Para concluir que era o autor do próprio destino.
Danielle Arantes Giannini